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SALÁRIOS FORMAIS NA PARAÍBA: setores, regiões e contrastes salariais

  • Foto do escritor: Sondagem Paraíba
    Sondagem Paraíba
  • 18 de set.
  • 4 min de leitura

setembro/2025

Felype Cavalcante Barros

Mateus Eufrásio Santos


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A análise do mercado de trabalho paraibano revela como os vínculos formais se traduzem em diferentes padrões de rendimento. Os salários médios permitem compreender a valorização ou perda de renda em cada região, ao mesmo tempo em que evidenciam desigualdades entre setores econômicos e mesorregiões.

O Estado da Paraíba, segundo dados da RAIS para o ano de 2023, possui em sua composição do mercado de trabalho aproximadamente 714 mil vínculos formais de trabalho, o que representa cerca de 6,9% dos postos de trabalho de toda a região Nordeste e 1,3% de todo o estoque de empregos formais do Brasil. A partir disso, a agregação dos setores da Administração Pública (28%), Comércio (18%), Indústria de Transformação (10%), Serviços Administrativos (10%) e Construção Civil (8%), representam as principais atividades econômicas dentro da composição dos empregos do estado. A presença expressiva do setor público ajuda a explicar a importância dos vínculos estatutários e, consequentemente, seu impacto sobre a média salarial do estado.


Gráfico 1 - Paraíba: Composição do emprego formal

por atividade econômica em 2023

Fonte: RAIS
Fonte: RAIS

O aumento geral da remuneração média na Paraíba pode ser explicado por fatores estruturais, como políticas de reajuste do salário mínimo, os efeitos inflacionários incorporados às negociações salariais, a maior formalização de vínculos e a estabilidade relativa dos servidores públicos estatutários. Entretanto, é possível observar que há uma queda salarial de 2022 a 2023 em João Pessoa e em Monteiro. Em João Pessoa, a redução do valor salarial médio, em 2023, decorre, sobretudo, do efeito composição, já que o crescimento do emprego se concentrou em setores com menor remuneração, como comércio e serviços - embora a redução salarial tenha acontecido entre os anos, João Pessoa segue elevando à média estadual, sendo o maior do estado com R$ 3.522,02.


Gráfico 2 - Paraíba: Remuneração média do emprego formal

nos principais centros econômicos em 2022 e 2023

Fonte: RAIS
Fonte: RAIS

Já em Monteiro, ao contrário da tendência estadual, verificou-se uma queda significativa da média salarial do emprego formal no período, também explicada pelo efeito composição, mediante à uma aumento do emprego formal no setores de serviços e comércio, ocorrendo um aumento de 131,41% e 116,77%, respectivamente - resultado semelhante ao de João Pessoa, porém os efeitos são mais expressivos. 

Portanto, a análise mostra que, em termos gerais, houve valorização da remuneração média entre 2022 e 2023, embora com trajetórias distintas. Essas diferenças revelam como a estrutura produtiva de cada município condiciona a média salarial local.


Gráfico 3 - Paraíba: Remuneração média

por atividade econômica na Paraíba em 2023

Fonte: RAIS
Fonte: RAIS

O setor de Serviços apresentou a maior média salarial, puxada por áreas que exigem maior qualificação (saúde, ensino superior, TI, serviços financeiros) e pela forte presença de servidores públicos, cuja média salarial é superior à do setor privado, isso faz com que a tendência central do salário aumente em comparação aos outros setores. 

O setor industrial é o segundo setor que possui a maior remuneração real média, isso evidencia o aumento da média salarial em Campina Grande, por possuir grandes indústrias, como Alpargatas, Coteminas, Vitamilho, entre outras. Vale ressaltar também o aumento médio na construção civil, saindo de uma média salarial de R$2.009,04 para R$2.113,43 - esse aumento é resultado de uma maior demanda por mão de obra qualificada, impulsionada pela expansão de obras públicas e privadas. Além disso, negociações coletivas e a formalização dos vínculos contribuíram para elevar os rendimentos, reforçados pelo efeito composição, com maior presença de funções técnicas e especializadas. 

O segmento do comércio apresenta uma remuneração média de R$ 2.043,23 - próxima ao segmento da construção civil - o que reflete na quantidade crescente do comércio varejista e atacado, afins de exemplificar - de acordo com a Secretaria de Estado da Fazenda (SEFAZ/PB), o varejo da Paraíba cresce 19,6% em fevereiro de 2024. Esse aumento é contínuo conforme os anos, segundo o IBGE, a Paraíba registra o maior crescimento de vendas no comércio varejista do país - no ano de 2025 - representando uma alta de 9,1% em relação ao mesmo mês no ano de 2024. 

Com o nível médio de salário abaixo das outras esferas econômicas, a agricultura possui uma média salarial de R$ 1800,14 - o que reflete nesta baixa, é a não necessidade de qualificação para atuar neste segmento, além de possuir um caráter sazonal, que por sua vez constrói e destrói empregos - por exemplo, A Japungu, indústria pioneira no setor sucroenergético do Brasil, sendo composto por seis usinas que produzem açúcar, etanol e energia elétrica, ela possui filial na zona rural do município de Santa Rita, na Zona da Mata e em períodos de safra, empregam cerca de 3.300 trabalhadores e períodos entressafras, empregam cerca de 2.200 trabalhadores. Neste segmento também, é caracterizado pela informalidade presente nas áreas rurais, exigindo outro foco de análise dentro do setor agropecuário. 

Em síntese, é necessário entender os fenômenos que impossibilitam o desenvolvimento socioeconômico a partir da análise do emprego formal paraibano. Parte desse fenômeno social, é compreendido pela ocorrência do processo de desindustrialização da Paraíba, particularmente explicada pela tendência nacional, e em parte mundial, do avanço do setor informal.

 Então, podemos observar o surgimento de novos vínculos empregatícios fora do regime de trabalho formal, graças à flexibilização do trabalho promovido pela Reforma Trabalhista, executada no ano de 2017, proporcionando maior “liberdade” no que, especialistas favoráveis ao projeto de lei chamam de encontro entre empregado e empregador. Assim, surgindo empregos em plataformas digitais, ou popularmente conhecidos como APPs, no fornecimento de serviços de transporte de gêneros variados, como alimentos e medicamentos, e de pessoas, atraindo mão-de-obra barata com a perspectiva do lema “empresário de si próprio”. Portanto, fazendo com que empregos formais no setor industrial venham perdendo mais força no cenário econômico paraibano, e, em contrapartida, o aumento de setores de menor renda média e menor estabilidade, como comércio, construção civil e agora as plataformas de trabalho, venham ganhando ainda mais espaço na Paraíba. 


 
 
 

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