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A Covid-19 afetou os festejos juninos e a economia com perda na arrecadação e no emprego

  • Foto do escritor: Sondagem Paraíba
    Sondagem Paraíba
  • 25 de jun. de 2020
  • 4 min de leitura

24/06/2020

José Vinícius Souza Alves

Rejane Gomes Carvalho


Os festejos juninos são comemorações que ocorrem em alusão aos santos populares no mês de junho em todo o Brasil. Tradicionalmente, as festas começam no dia 12 de junho, véspera do dia de Santo Antônio, tem seu auge no dia 23, véspera do dia de São João, e se encerram no dia 29 de junho, dia de São Pedro. Contudo, em muitas cidades, as programações começam já no primeiro dia de junho.


Esta festa se tornou uma das principais representações da cultura brasileira, principalmente na região Nordeste do Brasil. As festas juninas têm relação direta com o catolicismo popular, que foi herdado pelo Brasil da tradição portuguesa. Mas, aqui no nosso país, adquiriu características próprias, com músicas, danças e comidas típicas que animam as pessoas em diversas cidades.


Além da importância cultural, as festas juninas demonstraram ter um grande potencial econômico, tendo um efeito significativo, principalmente nas pequenas cidades. Muitos municípios têm sua arrecadação fiscal bastante estimulada, não somente na estação de festejos, mas em todo o período necessário para a organização do evento, com contratação das atrações musicais, venda de produtos típicos, movimentação da rede hoteleira, passeios turísticos e promoção da gastronomia local. Para termos uma ideia, somente em Caruaru (PE) e Campina Grande (PB), que proporcionam as maiores festas do país, o público somado chegou a 5 milhões, com injeção de R$ 440 milhões nas economias locais no ano de 2018, de acordo com informações da pasta do turismo do governo federal.



Como sabemos, hoje o coronavírus está se espalhando pelo nosso país, já tendo sido ultrapassada a marca de 1.150.000 casos e mais de 50 mil mortes. A cidade de Campina Grande – PB, já superou 5.500 casos e mais de 80 mortes. Já em Caruaru – PE, o número de pessoas contaminadas ultrapassou 1.700 casos e alcançou 115 óbitos até o momento. Tais números inviabilizaram a realização dos festejos juninos, forçando a suspensão das atividades produtivas. Estas localidades não são exceções, pelo contrário, servem como reflexo do que está ocorrendo em todo o território nacional, tendo um amplo impacto cultural, mas também grandes perdas econômicas para essas cidades que dependem dos recursos gerados nas festas sazonais.


Segundo uma pesquisa publicada pelo Jornal folha de São Paulo, somente os quatro principais estados da região Nordeste com mais expressão nas comemorações juninas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Bahia, terão um prejuízo de mais de 1 bilhão de reais devido ao adiamento ou cancelamento das festas de São João provocado pelo coronavírus.


Vários setores da economia ficaram completamente abalados com essa situação. Um dos principais é a rede de hotelaria, que nos meses de maio e junho registra ocupação de quase 100% na região Nordeste, e agora os hotéis estão praticamente fechados. No caso de Pernambuco, por exemplo, o presidente da ABIH-PE (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Pernambuco), Eduardo Cavalcanti, afirmou que a ocupação no agreste e sertão daquele estado está funcionando com uma taxa de ocupação que varia entre 5% e 10%, ou seja, bem inferior quando comparada aos anos anteriores.


Muitas cidades foram obrigadas a cancelar o evento de São João, e para não deixar passar a data em branco, realizaram lives com músicos locais, bem como artistas de projeção nacional, iniciativas que servem de estímulo para que a população comemore o São João em casa e compre produtos e serviços por delivery. Assim, buscam-se maneiras de tentar minimizar um pouco os estragos causados pelo coronavírus. As comemorações virtuais se tornaram comuns com quadrilha e casamento matuto organizado por diversos grupos nas pequenas e grandes cidades. Em Recife, por exemplo, estão programadas mais de 420 apresentações culturais por meio virtual. Outros estados também fizeram o mesmo, como a Paraíba, Sergipe e Goiás. Além disso, muitas cidades estão adotando o São João solidário, visando arrecadar donativos para ajudar a população mais afetada nesse período de crise.


Uma outra alternativa adotada por diversas localidades, foi o adiamento do evento junino, visando não perder totalmente os recursos financeiros gerados. Muitas cidades decidiram deslocar as festas para o período pós crise, o que possibilitaria a presença das pessoas em um ambiente com menor risco sanitário. Ademais, ainda poderiam ter disponíveis as fontes de arrecadação fiscal municipal, recursos que serão muito bem-vindos, considerando a situação de perdas atuais. Dentre essas cidades se destaca Campina Grande – PB, que já se antecipou e anunciou desde março que seu São João seria realizado em outubro. Outras pequenas cidades também fizeram o mesmo como Patos-PB e Petrolina – PE.


Esse tempo de crise exige dos gestores públicos e dos setores produtivos uma grande capacidade de adaptação, de maneira que seja possível conter a expansão do vírus sem “sufocar” as economias locais. A disposição para a retomada e reorganização das atividades econômicas deve ocorrer de modo a garantir a saúde das pessoas, ao mesmo tempo que também é importante a preocupação com a manutenção das ocupações no trabalho como forma de assegurar renda para a população, buscando minimizar a grave situação do desemprego em massa que se estende por todo o país.


Projeto de Extensão - Diagnóstico Socioeconômico e Ambiental de Municípios Paraibanos - Curso de Economia/UFPB

LATWORK: Developing research and innovation capacities of Latinamerican HEI for the analysis of informal labour market

NPDS - Núcleo de Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável

 
 
 

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