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A COVID 19 E A DETERIORAÇÃO DO MERCADO DE TRABALHO NAS ATIVIDADES ECONÔMICAS DA PARAÍBA

  • Foto do escritor: Sondagem Paraíba
    Sondagem Paraíba
  • 30 de jul. de 2021
  • 4 min de leitura

Carolina De Santis

Jonathan Bezerra

Layanne Lima

Maria Esperança

Raynnara Laurentino

Wanderleya dos S. Farias


A chegada da pandemia da Covid 19 no Brasil, em março de 2020, trouxe impactos deletérios para a saúde pública ocasionando um número significativo de óbitos. Os efeitos da crise sanitária também se estenderam para as atividades econômicas e atingiu o mercado de trabalho. A economia brasileira ainda não havia se recuperado da forte recessão ocorrida entre os anos de 2015 a 2017 e os sinais de retomada da expansão econômica ainda eram tênues em 2018 e 2019.

Segundo a PNADC, na fase conjuntural que antecede à crise sanitária, no IV trimestre de 2019, o nível de desocupação no país era de 6,8% enquanto, na Paraíba, essa taxa gravitava em torno de 6,3%. O nível de desocupação corresponde ao percentual de pessoas desocupadas em relação às pessoas na força de trabalho. Com o avanço rápido da pandemia, os governos estaduais e municipais adotaram medidas de isolamento social para evitar a disseminação da doença o que ocasionou o fechamento temporário de milhares de empreendimentos econômicos em todas as unidades federativas do país. As restrições de mobilidade social, essenciais para evitar o contágio da Covid 19, afetaram a produção, os serviços e o nível de emprego. No I trimestre de 2020, a taxa de desocupação na economia brasileira atingiu 7,5% e, na economia paraibana, passou para 7,1%.

Passados alguns trimestres após o início do choque externo causado pela Covid 19, é possível fazer uma análise panorâmica e setorial dos impactos da crise sanitária no mercado de trabalho da Paraíba. Conforme estimativa da PNADC, a população desocupada na Paraíba totalizou 227 mil pessoas em 2020, o que representou uma variação recorde de 16,4% em comparação ao ano de 2019, quando havia 195 mil pessoas desocupadas na economia estadual.

À medida que a crise sanitária se alastrou na Paraíba, os efeitos nos diversos segmentos econômicos foram, na sua maioria, de acentuada deterioração do mercado de trabalho. Ao se observar as variações na quantidade de pessoas ocupadas, constata-se que apenas os segmentos de Agropecuária, Construção Civil e da Administração Pública conseguiram exibir sinais de recuperação no nível de emprego.

Entre o I trimestre de 2020 e o I trimestre de 2021, houve um aumento de 28 mil postos de trabalho nos segmentos de Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura. A colheita da cana-de-açúcar e a compra de 36 toneladas de sementes crioulas de feijão e milho pelo governo estadual, no contexto da pandemia, concorreram para estimular o plantio dessas lavouras e impactar positivamente o mercado de trabalho no meio rural.


A crise sanitária da Covid atingiu o segmento da Construção Civil da Paraíba e levou a interrupção de obras e da cadeia de suprimentos e suporte ao setor que enfrentou escassez de insumos nos primeiros meses de 2020. Após o decreto presidencial que estabeleceu a atividade da construção civil como essencial para a economia, em 7/05/2020, ocorreu uma progressiva retomada do setor. Verifica-se uma gradual recuperação do nível do emprego na Construção Civil paraibana no I trimestre de 2021. Houve um aumento de 4 mil postos de trabalho em relação ao mesmo período de 2020. Já o setor da Administração Pública, não apresentou variação em relação ao nível de ocupação. A regulamentação jurídica do trabalho no setor público garante a estabilidade do emprego e, em situações emergenciais como a da pandemia, os servidores públicos ao foram desligados de suas funções.

Os segmentos econômicos mais atingidos pela pandemia, na Paraíba, no que se reporta aos impactos negativos sobre o nível de emprego foram os de Comércio, Alojamento e Alimentação e Serviços Domésticos. O Comércio, importante segmento do setor de serviços, está diretamente interligado ao consumo, a circulação de pessoas e renda das famílias e foi o agrupamento de atividade mais afetado. Houve uma queda percentual de nada menos que (-24,3%) das ocupações entre o I trimestre de 2020 e o I trimestre de 2021. Os decretos estaduais e municipais estabelecidos para conter a disseminação da Covid 19 restringiram a mobilidade de pessoas. Essas normas foram muito importantes para preservar a saúde da população, mas também concorreram para o fechamento total ou parcial de diversos estabelecimentos comerciais, fato que contribuiu para o desligamento de um contingente expressivo de trabalhadores paraibanos.


Além de afetar o setor comercial, a interrupção repentina do fluxo de pessoas prejudicou drasticamente os serviços de Alojamento e Alimentação, sendo estes os primeiros a sentirem os efeitos da pandemia e os que exibiram a segunda maior queda na quantidade de ocupação em todo o estado paraibano. Ocorreu um declínio de (-20,2%) na quantidade de pessoas ocupadas, no I trimestre de 2021, em comparação ao mesmo período de 2020. Nos Serviços Domésticos, a variação no nível de emprego também foi negativa no mesmo período, de (-13,8%)

Fica evidente, a partir das estimativas da PNADC, que houve uma acentuada deterioração do mercado de trabalho paraibano no contexto da pandemia da Covid 19. Mesmo que alguns segmentos econômicos estejam apresentando, de forma gradual, sinais de recuperação, a maior parte das atividades produtivas ainda enfrenta dificuldades para retomar seus níveis de produção, uma vez que centenas de empreendimentos fecharam suas portas e demitiram milhares de trabalhadores.

O auxílio emergencial e o programa de manutenção do emprego e da renda, adotados pelo governo federal, não se mostraram efetivos para conter a onda de demissões em larga escala que ocorreu no país como um todo e na Paraíba.

Podemos concluir que a pandemia atingiu os segmentos econômicos paraibanos de maneira desigual, mas a maior parte da economia estadual foi atingida, o que trouxe efeitos deletérios para o mercado de trabalho. Os sinais de gradual reativação já são manifestos na Agropecuária e na Construção Civil, onde se constata a abertura de novos postos de trabalho, mas os demais segmentos econômicos ainda apresentam grandes dificuldades de reanimação. Centenas de empreendimentos foram severamente prejudicados pela ausência de incentivos fiscais e creditícios e pela pouca efetividade das políticas voltadas à manutenção dos empregos.


Projeto de Extensão - Diagnóstico Socioeconômico e Ambiental de Municípios Paraibanos CCSA/UFPB.

LATWORK: Projeto internacional para desenvolver as capacidades de pesquisa e inovação das instituições de ensino superior da América Latina para análise do mercado informal de trabalho.

Núcleo de Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável NPDS/UFPB.


 
 
 

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