Impactos da Covid-19 sobre o emprego e a renda
- Sondagem Paraíba
- 18 de ago. de 2020
- 3 min de leitura
18/08/2020
Filipe C. Lago
Rejane Gomes Carvalho
A pandemia da Covid-19 gerou a necessidade de mudanças e adaptações na vida e hábitos das pessoas pelo mundo todo. As instituições de pesquisas, em diversas áreas e países, reuniram esforços para tentar compreender as consequências da pandemia em suas diferentes dimensões. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também adaptou suas pesquisas e metodologias para compreender esse momento singular enfrentado pela sociedade, com importantes desafios na saúde e no emprego. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, PNAD/COVID-19, é uma pesquisa criada para a obtenção de dados referentes ao impacto da pandemia nas famílias brasileiras.
A crise, aprofundada em decorrência do coronavírus, afeta o mercado de trabalho e a renda familiar de várias maneiras. O aumento das taxas de desemprego, restrições de mobilidade, contratos de trabalhos suspensos, férias adiantadas e trabalhadores informais afastados temporariamente, são alguns impactos diretos sentidos. De acordo com os dados do IBGE, no Brasil, a força de trabalho disponível estava distribuída da seguinte maneira, para o mês de junho:

Do total de pessoas ocupadas, é possível observar grande número de pessoas afastadas do trabalho devido à pandemia. Contudo, com o início da flexibilização para o retorno das atividades em algumas cidades, os dados da pesquisa, referente ao mês de julho, mostraram uma redução do percentual de pessoas afastadas do trabalho, passando de 18,6% no mês de maio para 14,2% em junho. A maior proporção de pessoas afastadas do trabalho, devido ao distanciamento social, foi observada na classe de trabalhadores domésticos sem carteira assinada, representando 26,8% dos trabalhadores afastados. Essa situação realça a vulnerabilidade dos trabalhadores domésticos, em sua maioria constituída por mulheres, que têm pouca cobertura dos direitos concedidos pela legislação trabalhista.
Em consequência das restrições impostas pela pandemia, a economia e as empresas buscaram se adaptar para adotar o modo de trabalho remoto. Esta forma de trabalho é realizada, em grande proporção, por pessoas com maior nível de instrução. Segundo dados da pesquisa, 31,9% das pessoas que possuem formação de ensino superior completo estão em trabalho remoto. Por outro lado, as pessoas em atividades essenciais, como garis, trabalhadores na área da saúde, segurança, caixas de supermercados e de farmácias etc., apresentam pouca possibilidade de se beneficiarem com o afastamento do trabalho.
A taxa de desocupação nacional aumentou sensivelmente no período da pandemia, passando de 10,5% para 13,1%, de maio para junho, o que representa um total de 11,8 milhões de desocupados. Além de evidenciar a fragilidade do mercado de trabalho em absorver a população desocupada em uma fase de crise, a alta taxa de desocupação e de desalentados também reflete, em parte, o medo iminente das pessoas com a contaminação pelo coronavírus na procura por um emprego no cenário atual. A Paraíba apresentou uma taxa de desocupação de 11,3% no mês de junho, sendo menor que a média nacional de 12,2%. Os números elevados de pessoas fora da força de trabalho ainda são dados preocupantes, pois mostram que a taxa de desemprego pode continuar alta mesmo com o início dos processos de reabertura e recuperação da economia.
Uma das principais medidas do governo federal para diminuir os impactos causados pela crise sobre os trabalhadores, principalmente entre os de baixa renda e informais, foi o benefício do auxílio emergencial. O programa de transferência de renda teve início em abril, a princípio com três parcelas de R$ 600,00 por mês, posteriormente, recebendo uma adição de mais duas parcelas.

Em nível nacional o benefício alcançou 43% dos domicílios brasileiros. Aproximadamente 60% da população das regiões Norte e Nordeste foram beneficiadas com o programa. Na Paraíba, 56,9% da população recebeu o auxílio emergencial do governo, tendo um rendimento médio de R$ 934,00 por domicílio beneficiado.
As consequências da Covid-19, conforme observadas sobre o mercado de trabalho, podem ter impacto no aumento da desigualdade de renda da população. Pois, a perda de renda do trabalho afeta diretamente as condições de vida das pessoas, principalmente, nas camadas de baixa renda. O indicador de “afastamento do trabalho” devido ao isolamento social é um sinalizador de que muitos trabalhadores não tinham como continuar no trabalho, principalmente, as pessoas que sobrevivem do comércio de rua, os trabalhadores domésticos e os que realizam atividades temporárias, expressando um conjunto significativo de pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Projeto de Extensão - Diagnóstico Socioeconômico e Ambiental de Municípios Paraibanos - Curso de Economia/UFPB
LATWORK: Developing research and innovation capacities of Latinamerican HEI for the analysis of informal labour market
NPDS - Núcleo de Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável
Comments