MERCADO DE TRABALHO EM SANTA RITA/PB E A CRISE SANITÁRIA DA COVID-19

Carolina De Santis

LayanneLima Melo

Samuel Paz da Silva Gabriel

Wanderleya dos Santos Farias

João Pessoa, 9/12/2021

Detentor da 4ª maior economia do estado da Paraíba, o município de Santa Rita é a terceiro maior em população e extensão territorial (do estado), tendo sido, ainda, o povoado mais antigo da Paraíba, datando de 1585 as primeiras levas de ocupantes no território. Santa Rita foi declarada como cidade apenas em 1890. O município se localiza na mesorregião da Mata Paraibana e faz parte da região metropolitana de João Pessoa.

Santa Rita, segundo o IBGE Cidades, tem uma população estimada de 138.093 pessoas. De acordo com a pesquisa do Cadastro Geral das Empresas/IBGE, a estimativa da população ocupada no mercado de trabalho formal do referido município era de 19.911 pessoas, o que representou cerca de 14,6% da população economicamente ativa. Ainda segundo a plataforma, Sanra Rita foi a primeira cidade paraibana a receber instalação fabril, a “Companhia de Tecidos Tibiri”, inaugurada em 1892, oferecendo cerca de 260 empregos diretos e atraindo mão de obra de todos os lugares vizinhos. A cidade no passado, ainda chegou a abrigar os primeiros engenhos de cana-de-açúcar, cerca de 30 engenhos, perdendo apenas para o estado de Pernambuco. O município possui a maior incidência de fontes de água mineral da Paraíba, segundo o site do Guia Turismo Brasil.

A economia de Santa Rita se destaca na produção industrial e no comércio. Cabe ressaltar que seu setor agropecuário também é dinâmico, onde as lavouras de cana de açúcar e abacaxi são as mais relevantes. Além disso, pela quantidade de fontes de água potável, concentra indústrias de captação e comercialização de água mineral.

No que se reporta à produção de abacaxi, devido aos impactos econômicos da pandemia da Covid-19, o município perdeu a segunda posição na economia estadual. Segundo pesquisa realizada pelo IBGE, a produção dessa lavoura temporária caiu, o que levou o município a ocupar a terceira posição. Porém, não só em Santa Rita, mas em todo estado, em 2020, constatou-se uma menor produção de abacaxi em 10 anos.

Quanto ao mercado formal de trabalho, os indicadores revelam que a pandemia da Covid-19 afetou o estoque de emprego e o saldo de empregos formais no referido município desde que começou no I Trimestre de 2020. De acordo com o Novo CAGED, os indicadores indicam que o estoque formal de emprego, que representa o número de vínculos celetistas no município, foi de 16.110 postos de trabalho no ano de 2020. De janeiro a setembro de 2021, o estoque de empregos celetistas no município, fechou em 16.499, demonstrando que, com o avanço da campanha de vacinação e a reabertura dos empreendimentos econômicos, há uma tendência de recuperação de parte dos empregos perdidos.

De janeiro de 2020 a setembro de 2021, conforme o Novo CAGED, observamos que, no âmbito do mercado formal do município, o número de admissões superou o de desligamentos, demonstrando um saldo positivo de empregos formais com 463 vínculos ativos. A evolução do saldo de empregos formais se comportou de maneira flutuante, com um saldo negativo nos postos de trabalho nos primeiros 5 meses de 2020. O indicador voltou a crescer positivamente, por volta do mês de julho de 2020, tendo uma queda em dezembro do mesmo ano quando se manifesta a segunda onda da pandemia na economia estadual. De maio até setembro de 2021, podemos observar um crescimento com pico mais alto de admissões no mês de agosto, demonstrando reacomodação e crescimento gradual na geração de empregos formais.

O pico mais alto de desligamentos ocorreu em janeiro de 2021, atingindo 920 pessoas que perderam seus empregos com carteira assinada, o que ocasionou um saldo negativo de 620 postos de trabalho. No entanto, com o passar dos meses, o declínio no número de desligamentos e o aumento gradual do número de admitidos revela um desempenho positivo do mercado de trabalho local. Portanto, a economia de Santa Rita vem apresentando reações positivas e sinais de recuperação depois de um longo período sofrendo os impactos da Covid-19 no mercado de trabalho.

Ao analisarmos a dinâmica do emprego no que se refere aos grupamentos de atividade econômica, vemos que, no ano de 2020, o setor da Indústria foi o mais afetado, exibindo a maior queda no estoque de emprego com um saldo negativo de 82 postos de trabalho, seguido pelo setor agropecuário com saldo negativo de 8 vínculos formais. Observando o gráfico, o setor de Construção Civil se mostrou mais resistente ao longo do ano de 2020, apresentando a melhor posição na geração de empregos formais dentre todas as atividades, com cerca 118 vínculos.

Em 2021, observa-se uma queda nas contratações no setor de Construção Civil que vinha respondendo melhor aos impactos da pandemia em 2020. O setor exibiu um saldo negativo de 18 postos de trabalho. No mesmo ano, os setores industrial e agropecuário mostraram crescimento significativo, revelando que a campanha de vacinação possibilitou o retorno das atividades e por consequência, recuperação gradual de parte dos empregos formais perdidos em 2020.

Os indicadores revelam, ainda, que houve um notável crescimento do emprego no setor de comércio no município, apresentando saldo positivo de 245 postos de trabalho. Dentre as categorias do setor, chama atenção o crescimento do comércio de reparação de veículos automotores e motocicletas. Segundo os dados do IBGE, o referido segmento foi um dos grupamentos com maior número de postos de trabalho criados no país e aparenta ser significante, também, para a cidade em questão.

Do total de pessoas que perderam seus empregos com carteira assinada, na cidade de Santa Rita, em 2020, de acordo com grau de instrução, a maioria possuía ensino médio completo, cerca de 54,2% (2.797). Enquanto isso, 22,2% (1.149) tinha ensino fundamental incompleto e 8,5% (442) tem Ensino Médio incompleto.

Quando observamos a dinâmica do mercado de trabalho municipal por faixa etária, percebemos que a maior parte dos desligamentos, em 2020, atingiu pessoas entre 30 a 39 anos de idade (1.509 demissões), seguido da faixa entre 18 e 24 anos 1.296 (demissões) e em terceiro lugar a faixa de idade entre 40 a 49 anos (925 demissões).

No que se refere a composição do mercado formal de trabalho por gênero, as mulheres foram mais afetadas que os homens em Santa Rita entre janeiro de 2020 e setembro de 2021. Observamos que a quantidade de homens admitidos foi muito superior a de mulheres no aludido hiato temporal. Houve cerca de 7.801 admissões para pessoas do sexo masculino, enquanto ocorreu 2.017 admissões para pessoas do sexo feminino.

A sobrecarga e responsabilidades na vida da mulher ficaram ainda mais evidentes no período pandêmico e foram acirradas por um mercado de trabalho cuja demanda por mão-de-obra se retraiu. Também ficou evidente a disparidade nas contratações por gênero no município de Santa Rita. em 2020, as mulheres ocuparam apenas 21% dos postos de trabalho com carteira assinada no referido município. Portanto, podemos inferir que os impactos da pandemia para as mulheres nessa esfera municipal foram mais intensos. Cabe destacar que, na ausência de oportunidades de empregos formais, muitas mulheres que executavam atividades informais para garantir a reprodução de suas vidas tiveram que paralisar essas atividades durante a pandemia.

Projeto de Extensão – Diagnóstico Socioeconômico e Ambiental de Municípios Paraibanos/UFPB

Núcleo de Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável – NPDS/UFPB

LATWORK: Projeto para desenvolver as capacidades de pesquisa e inovação das instituições de ensino superior da América Latina para análise do mercado informal de trabalho.