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O mercado de trabalho no município de Patos/PB: os desafios da geração de empregos na pandemia

  • Foto do escritor: Sondagem Paraíba
    Sondagem Paraíba
  • 18 de out. de 2021
  • 4 min de leitura

João Pessoa, 30/09/2021


Lucas Guedes Gomes

Jonathan Bezerra Ferreira da Silva

Wanderleya dos Santos Farias


O município de Patos, localizado no Vale do Rio Espinharas, tem uma posição de destaque no sertão paraibano. Segundo a Classificação da Região de Influência das Cidades – REGIC (2007), Patos constitui um centro sub-regional que exerce influência preponderante sobre os municípios próximos devido ao dinamismo de sua economia local. Além de se sediar um arranjo produtivo local no setor calçadista e possuir um diversificado setor de serviços, o município de Patos, nos últimos anos, recebeu investimentos públicos na área de educação como, por exemplo, a implantação de um campus do Instituto Federal de Ensino e a instalação do Campus VII da Universidade Estadual da Paraíba.

De acordo com a estimativa do IBGE Cidades, o município de Patos tem uma população de 108.766 habitantes em 2021, sendo ele o 4° município mais populoso do Estado. No que se reporta ao pessoal ocupado no mercado formal de trabalho, conforme a pesquisa Cadastro Geral das Empresas/IBGE, havia 17.929 pessoas ocupadas com carteira assinada em 2019, o que representava 16,7% da população na força de trabalho. Mesmo com uma posição de destaque no sertão da Paraíba, a economia patoense apresentava uma baixa capacidade de gerar empregos formais, uma vez que um percentual expressivo de pessoas aptas a trabalhar estava na informalidade. No setor informal, encontram-se as ocupações mais expostas à precarização e a ausência de direitos trabalhistas.


A pandemia da Covid-19 ocasionou severos impactos para a saúde pública do país. Desde o início da crie sanitária até a fase atual, já foram registrados mais de 600 mil mortos. Os efeitos da pandemia também foram observados na economia brasileira e nas economias locais, com o fechamento de inúmeros negócios. Houve, nos primeiros meses do avanço da doença, uma grande quantidade de demissões. Segundo o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), no período que se estende de janeiro de 2020 a julho de 2021, constatamos que o número total de desligamentos foi superior ao número de admissões no mercado de trabalho formal do município de Patos, com um saldo negativo de (- 491) vínculos formais

O maior número de desligamentos no mercado de trabalho patoense se concentrou no mês de fevereiro de 2020, quando ocorreram 664 desligamentos enquanto foram registradas 414 admissões. O setor de serviços foi o mais afetado com os impactos da pandemia da Covid 19. No acumulado de 2020, 3.512 pessoas perderam suas ocupações formais na referida economia local. Por outro lado, houve 2.782 admissões, o que representou um saldo líquido de emprego de (- 730).

Entre os meses de janeiro a julho de 2021, verificam-se alguns sinais de recuperação no mercado de trabalho do município de Patos, mas a reanimação da economia local ocorre de maneira lenta e assimétrica, quando observamos as atividades econômicas. Ao analisarmos os grandes grupamentos de atividade econômica (serviços, construção civil, agropecuária, indústria e comércio), entre janeiro a julho de 2021, constamos que o setor de Serviços apresentou um saldo negativo de (- 477) vínculos formais. Em contrapartida, o setor de Comércio conseguiu alcançar um saldo positivo de 167 novos vínculos formais. Em fevereiro de 2021, foi observado o maior número de admissões, que compreende 595 novos vínculos formais em relação aos 327 desligamentos no referido mês, tendo como maior destaque o setor de construção civil.



Considerando todo o estoque de emprego formal de Patos, que é determinado pela quantidade total de vínculos formais ativos, o ano de 2020 apresentou um estoque de 11.785 vínculos ativos.Já em relação ao período de janeiro a julho de 2021, o estoque de emprego formal passou para 12.024, caracterizando uma gradual recuperação na geração de postos de trabalho com carteira assinada no município.


Segundo os dados do Novo Caged, ao se observar a dinâmica do mercado de trabalho no município de Patos em 2020, por nível de escolaridade, percebe-se que as pessoas mais impactadas quanto a perda de empregos formais tinham até o ensino médio completo 64,5%(2.266). Por outro lado, 495 pessoas com ensino superior completo foram desligadas de suas ocupações no mesmo ano em Patos, ficando em segundo lugar no ranking de desligamentos(14,0%). Trabalhadores com ensino fundamental incompleto representaram a terceira posição no total de desligamentos 6,8%(241).

O município de Patos apresentou um saldo negativo de empregos formais em 2020.A quantidade de desligamentos foi superior ao de admissões. Dentre as admissões ocorridas naquele ano, os trabalhadores que possuíam até o ensino médio completo foram os que conseguiram o maior percentual de empregos formais, com 65,7% (1.829).


A partir do Novo Caged, é possível perceber que houve uma menor concentração de desligamentos e admissões nos grupos por faixas de idade em comparação aos grupos por nível de escolaridade no município de Patos. Apesar disso, em 2020, a faixa etária mais atingida com os efeitos da crise sanitária no referido município foi de pessoas entre 30 a 39 anos, com uma porcentagem de 34% (1.196).Analisando o número de admissões realizadas no mesmo período, observou-se que o grupo com um maior percentual de admissões foi na faixa etária entre 18 a 24 anos com 31,5% (877) do total.

Em 2020, os homens representaram 53,7% (1.889) dos desligamentos de vínculos empregatícios ocorridos no mercado de trabalhode Patos, enquanto 46,2% (1.623) corresponderam à demissões de mulheres. Por outro lado, no total de admissões no mesmo ano, os homens detiveram 67,1% (1.867) das ocupações e as mulheres, 32,8% (915).

Os indicadores revelam, na perspectiva por gênero, que houve desigualdades no mercado de trabalho. Se de uma parte, os homens foram mais atingidos com a perda de empregos em comparação às mulheres no auge da pandemia, foram eles que conseguiram um maior percentual de ocupações na fase de reanimação do mercado de trabalho local.



Projeto de Extensão - Diagnóstico Socioeconômico e Ambiental de Municípios Paraibanos CCSA/UFPB.

LATWORK: Projeto internacional para desenvolver as capacidades de pesquisa e inovação das instituições de ensino superior da América Latina para análise do mercado informal de trabalho.

Núcleo de Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável NPDS/UFPB.

 
 
 

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