Os impactos da pandemia da Covid 19 na ocupação do setor agropecuário paraibano
- Sondagem Paraíba
- 20 de jul. de 2021
- 3 min de leitura
João Pessoa, 21/06/2021
Jonathan Bezerra Ferreira da Silva
Layanne Lima Melo
Wanderleya dos Santos Farias
O ano 2020 foi bastante atípico para as dinâmicas da produção e do mercado de trabalho em função dos efeitos causados pela pandemia do novo coronavírus. Antes da crise sanitária, as projeções econômicas apontavam crescimento de 2,3% para o Produto Interno Bruto brasileiro e de 2% para a economia mundial. Abalada pelos efeitos adversos da pandemia, a economia do país mostrou sinais de enfraquecimento. Conforme o IBGE, o PIB caiu 4,1% em relação a 2019, a menor taxa da série histórica, iniciada em 1996.
A forte retração da economia atingiu diretamente o mercado de trabalho no âmbito nacional e nas unidades federativas. Segundo a PNADC, a taxa de desocupação no país, foi estimada em 13,5% em 2020, o que representou um aumento de 1,6 ponto percentual em relação a 2019, quando a taxa foi de 11,9%. Por sua vez, o nível de ocupação no Brasil, que representa a quantidade de pessoas ocupadas em relação às pessoas em idade de trabalhar, foi de 49,4% em 2020. Houve um declínio de 5,2 pontos percentuais em comparação a 2019, o que constituiu uma perda de 7,3 milhões de pessoas na ocupação em apenas um ano.
A crise sanitária também trouxe impactos negativos para o mercado de trabalho paraibano. Como é possível observar no infográfico abaixo, houve uma queda de 140 mil postos de trabalho, no II trimestre de 2020, em relação ao trimestre anterior. Apesar da pequena recuperação no nível de ocupação estadual no IV Trimestre de 2020, a quantidade de pessoas ocupadas ainda era menor que a observada entre os meses de janeiro a março do referido ano.

Os indicadores sobre a ocupação por atividade econômica na Paraíba revelam que a pandemia atingiu a maior parte das atividades produtivas. Houve uma perda de 75 mil postos de trabalho no setor agropecuário no IV trimestre de 2020, em relação ao I trimestre do mesmo ano.
Por outro lado, o mercado de trabalho no meu rural, no I trimestre de 2021, evidencia sinais de recuperação. Houve crescimento percentual no contingente da população ocupada de 19% entre os meses de janeiro a março de 2021, em relação ao mesmo período do ano anterior. Essa variação representou, segundo os dados da PNADC, um aumento de 28 mil ocupações na agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura.

Cabe realçar que o período em destaque possui uma característica sazonal importante para entendermos a dinâmica do mercado de trabalho na agropecuária paraibana. O primeiro trimestre do ano faz parte da época da colheita da cana-de-açúcar, que, no ano de 2016, correspondeu a 45,5% do valor total da produção das lavouras temporárias e permanentes do estado. Por outro lado, enquanto no Brasil 8,2% da colheita é manual, na Paraíba, a porcentagem dessa modalidade de colheita é de 76,6%, o que resulta em um grande contingente de pessoas envolvidas nesse processo.

Outro aspecto que interferiu positivamente na ocupação do setor agropecuário paraibano foi a aquisição de 36 toneladas de sementes crioulas de feijão e milho pelo governo estadual, nos primeiros meses de 2021, para mitigar os impactos sociais e econômicos da pandemia. Uma parte dessas sementes já foi distribuída para a agricultura familiar para o plantio de 52 mil hectares de grãos e forragem. A expectativa, segundo a empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (EMPAER) é que 35 mil famílias sejam beneficiadas.
Dentro do contexto de pandemia e do grande número de desempregados na economia estadual, a notícia de que uma atividade econômica conseguiu empregar um grande contingente de pessoas é alentadora. Mas, ao analisarmos os dados do Novo CAGED, percebemos que a maioria das pessoas ocupadas nesse setor não se encontra formalizada. Segundo a plataforma, no primeiro trimestre de 2021, o setor agropecuário perdeu 2.143 empregos formais. Isto significa que grande parte das 28 mil ocupações registradas pelo PNADC são empregos informais, desprovidos das garantias trabalhistas e do sistema de proteção social.
Projeto de Extensão - Diagnóstico Socioeconômico e Ambiental de Municípios Paraibanos - Curso de Economia/UFPB
Núcleo de Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável - NPDS
LATWORK: Projeto internacional para desenvolver as capacidades de pesquisa e inovação das instituições de ensino superior da América Latina para análise do mercado informal de trabalho.
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