Panorama do mercado de trabalho em Campina Grande pós pandemia
- Sondagem Paraíba
- 13 de out. de 2021
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João Pessoa, 08/09/21
Carolina De Santis
Layanne Lima Melo
Wanderleya dos Santos Farias
Campina Grande, a rainha da Borborema, está localizada na mesorregião do agreste paraibano e é conhecida não só por sediar a maior festa de São João do mundo, mas também por ser um dos principais polos industriais da Região Nordeste. Além disso, Campina Grande possui relevância como grande centro tecnológico no país e no exterior.
No ano de 2001, a revista norte-americana “News Week” colocou a referida cidade como uma das nove “Tech cities” do mundo. Em 2003, Campina Grande foi considerada como o “Vale do Silício” brasileiro, graças aos inúmeros incentivos destinados à produção do conhecimento nos eixos de software e serviços de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Campina atrai muitos investimentos de empresas transnacionais em projetos de pesquisa e chama atenção por ser a cidade sede da Federação das Indústrias (FIEP), fazendo com que a Paraíba seja o único estado brasileiro que não possua sede da FIEP em sua capital.
Segundo o IBGE Cidades, a população estimada de Campina Grande em 2020 era de 413.830 habitantes. Campina Grande detém o segundo maior PIB (Produto Interno Bruto) do estado da Paraíba (cerca de 14% do total) e, dentre as cidades do interior do Nordeste, seu PIB fica atrás apenas de Feira de Santana (BA). A estimativa da população ocupada no mercado formal de trabalho em Campina Grande, conforme a pesquisa Cadastro Geral das Empresas/IBGE, era de 110.336 pessoas em 2019, o que representava 26,9% da população na força de trabalho. O restante da população ocupada se encontrava na informalidade, onde se encontram as ocupações mais expostas à precarização e a ausência de direitos trabalhistas.

Segundo o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), de janeiro de 2020 a julho de 2021, observamos que o mercado de trabalho do município teve um número de admissões superior ao de desligamentos, o que revela um saldo positivo de empregos formais de 6.023 vínculos ativos. O bom desempenho do mercado trabalho local indica que, na fase mais recente, a economia de Campina Grande está apresentando sinais de recuperação em relação aos pesados impactos da pandemia da Covid 19 observados em 2020. No mês de abril de 2020, a cidade atingiu seu pico mais alto do número de desligamentos, chegando a um saldo negativo de -1.835 postos de trabalho. Em maio do referido ano, também foi registrado saldo negativo no emprego formal.

Entre os meses de junho e novembro de 2020, a quantidade de admissões superou a de desligamentos. Chama atenção o salto significativo no número de admissões no mercado de trabalho formal da cidade no mês de novembro, que representou o pico mais alto do período. No referido mês, houve um saldo positivo de 3.599 vínculos de trabalho. No entanto, em dezembro do mesmo ano, ocorreu uma acentuada queda nas admissões, possivelmente este fenômeno esteja associado ao aumento significativo de novos casos da Covid 19 na Paraíba e pela da adoção de normas de saúde pública mais restritivas de mobilidade social para conter o avanço da pandemia.
Conforme os dados divulgados pelo Novo Caged, do total de pessoas que foram desligadas de seus postos de trabalho em Campina Grande, em 2020, a maioria não possuía nível superior. Do total de desligamentos de pessoas do mercado formal de trabalho em Campina Grande no ano de 2020, 64,5%(15.700) tinham o ensino médio completo, enquanto 9,0%(2.205) tinham nível superior e 8,2%(2.010) tinha o ensino fundamental incompleto.

Quando observamos a dinâmica do mercado de trabalho formal por faixa etária em Campina Grande, constatamos que a maior parte dos desligamentos ocorridos em 2020 atingiu pessoas que tinham entre 18 e 24 anos de idade (3.956), o que mostra como a população jovem foi bastante afetada durante a pandemia. Numa outra perspectiva de análise, também observamos que, no que se refere à composição por gênero do mercado formal de trabalho, observamos que a quantidade de desligamentos de vínculos empregatícios de homens superou a do contingente de mulheres desligadas de seus postos de trabalho em 2020. Por outro lado, a economia local revelou uma capacidade de reanimação ainda no referido ano e as admissões superaram os desligamentos para ambos os gêneros.

Se analisarmos a dinâmica do mercado de trabalho por atividade econômica, é possível constatar que o setor de Construção Civil exibiu a maior queda no estoque de emprego com um saldo negativo de( -334) postos de trabalho, seguido pelo setor Agropecuário com (-2) vínculos formais. Em oposição a esses, os indicadores mostraram que o setor de serviços foi o que alcançou a melhor performance quanto a geração de postos de trabalho, atingindo um saldo positivo de 4.679 vínculos, seguido do setor da Indústria e do Comércio, ambos com saldos positivos.
Em 2021, no acumulado de janeiro a julho, vemos que os setores de Serviços e Comércio apresentam um crescimento significativo no número de contratações em Campina Grande, com saldos positivos e crescentes. A novidade é que o setor de Construção Civil tem evidenciado franca recuperação em 2021 e vem mostrando um crescimento positivo com a introdução de mais 451 postos de trabalho. O setor Agropecuário se mantém estagnado, com saldos mensais de emprego formal abaixo dos observados em 2020. O setor Industrial ainda não exibiu reanimação econômica. Nos primeiros sete meses de 2021, houve cerca de 2.596 desligamentos no referido setor enquanto ocorreram 2.538 admissões, o que representou um saldo negativo de (-58) postos de trabalho.

Os indicadores, também, revelam que o estoque formal de emprego, que representa a quantidade total de vínculos celetistas, foi de 92.874 vínculos ativos no ano de 2020. De janeiro a julho de 2021, o estoque de empregos celetistas no município em questão, fechou em 97.102, mostrando que gradualmente, com o avanço da vacinação e a reabertura dos empreendimentos econômicos, há uma tendência de recuperação de parte dos empregos perdidos em 2020.
Projeto de Extensão - Diagnóstico Socioeconômico e Ambiental de Municípios Paraibanos CCSA/UFPB.
LATWORK: Projeto internacional para desenvolver as capacidades de pesquisa e inovação das instituições de ensino superior da América Latina para análise do mercado informal de trabalho.
Núcleo de Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável NPDS/UFPB.
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