Quais os desafios dos municípios na era da revolução 4.0?
- Sondagem Paraíba
- 25 de out. de 2020
- 4 min de leitura
25/10/2020
Edson Geraldo N. da Paz
Rejane Gomes Carvalho
O desenvolvimento das novas tecnologias tem importância primordial para a sociedade, possibilitando a ampliação de conhecimentos e inovações para a produção de bens e serviços. Contudo, é necessário acompanhar a evolução das diferentes ferramentas para se manter atualizado em meio a tantas informações e tecnologias disponíveis. No âmbito do trabalho não se faz diferente, pois o nível de escolarização é a base na formação de futuros profissionais, que devem se tornar qualificados e aptos para se adaptarem às transformações. Diante da expressiva exigência de qualificação e flexibilidade sobre os profissionais no mercado de trabalho, um filtro mais rigoroso tem sido estabelecido nas empresas no momento de efetuar algum contrato de trabalho, priorizando o trabalhador mais qualificado e aquele que melhor assimila as mudanças tecnológicas.

Em nossa realidade social, ainda presenciamos indicadores preocupantes e sérios déficits educacionais no país. Tomando como referência as notas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), que tem o objetivo de avaliar a qualidade do ensino, por mais que se tenha uma tendência de melhora, os resultados ainda são inquietantes, como podemos observar no ano de 2019 ao comparar os dados da Paraíba com o Brasil. Esses indicadores vão repercutir futuramente nas condições da força de trabalho, levando em conta as exigências do mercado de trabalho por profissionais qualificados, eficientes e competitivos. Os principais fatores que contribuem negativamente com esses resultados estão fortemente concentrados na evasão escolar, má aplicação de recursos e execução de políticas públicas e nas desigualdades estruturais que obrigam muitos jovens a abandonarem os estudos em busca de emprego e renda para ajudar no sustento da família.

Estes problemas podem interferir diretamente na formação e inserção da mão-de-obra, fazendo com que o trabalhador não esteja suficientemente apto a trabalhos que exigem melhor desenvoltura no incremento e aplicação de tecnologias. Assim, muitos trabalhadores tornam-se propensos a atividades que irão explorar a necessidade imediata por trabalho, muitas vezes se arriscando em funções temporárias e precárias, como vem ocorrendo amplamente em ocupações criadas por meio das plataforma virtuais, em muitos casos, representando o único meio para obter renda, aceitando-se as condições e os riscos que esse trabalho impõe.
A incorporação das novas tecnologias no mercado de trabalho tornou-se um dos principais temas no debate que contempla a flexibilização do trabalho. Com o crescimento expressivo da inteligência virtual e o domínio do logaritmo sobre as tarefas e o tempo despendido, determinando novas condições de trabalho, é possível presenciar elementos que indicam maior instabilidade e insegurança das ocupações e dos trabalhadores. Estas mudanças fazem parte da quarta revolução industrial, impactando diretamente nas relações sociais de trabalho, onde o termo Uberização melhor se aplica para caracterizar essa realidade de inovação, adaptação e “substituição” do trabalho.
Essa nova modalidade de trabalho, foi inspirada, inicialmente, pela noção de economia compartilhada, pretendendo proporcionar agilidade na hora de solucionar problemas e interagir de modo prático com o fornecedor de determinado serviço ou mercadoria. No entanto, os aplicativos de transporte e entrega impuseram outra dinâmica para a circulação de consumidores, bens, serviços e nas relações sociais de trabalho. O que muitas vezes não observamos são as novas condições de trabalho presentes nesse ambiente virtual, onde ocorre o controle do logaritmo sobre milhares de trabalhadores. Estes se submetem às condições de flexibilização e precarização do trabalho, sendo envolvidos por uma lógica de gamificação do trabalho, muitas vezes, por necessidade, e submetem-se a absurdas jornadas de trabalho e perigos que expõem a própria vida. Além disso, muitas ocupações criadas com base na uberização do trabalho terminam se caracterizando em atividades informais e com baixa remuneração.
Diante desse novo cenário, observamos também a paulatina migração interna de jovens para cidades metropolitanas, com a esperança de poder mudar de vida e conquistar novas oportunidades. Esse fato causa impacto na economia estadual e, especialmente, nos municípios pouco desenvolvidos, tendo em vista que a renda se concentra nas regiões mais dinâmicas. Considerando que o setor de serviços é o que mais se destaca na economia local, é de crucial importância a realização de investimentos em qualificação profissional. Os pequenos municípios devem fortalecer as políticas públicas de formação profissional em sintonia com as diferentes tecnologias e com a lógica de desenvolvimento econômico, numa parceria com os governos estadual e federal, com o intuito de estimular emprego e renda sustentável nessas localidades.
Os pequenos municípios ainda são carentes da incorporação de novas tecnologias nos setores produtivos e pouco se aproveitam dos benefícios proporcionados pelos serviços das plataformas virtuais. Sua concentração fica em torno das cidades mais populosas onde existe demanda suficiente para que o sistema possa fluir, como João pessoa, Campina Grande, Santa Rita e Patos. Contudo, a tecnologia da informação oferece amplas e diversas oportunidades que possibilitam inovar e expor produtos com identidade local. Para tanto, se faz necessário qualificar, investir e estimular novos produtos e serviços locais. Mas, é imprescindível qualificar a mão de obra e criar ocupações decentes de trabalho, considerando a perspectiva de que o modelo de desenvolvimento das economias está em constante transformação, o que exige adaptação e inovação.
Perante essas transformações, em seu município, os candidatos ao executivo e ao legislativo nas próximas eleições apresentaram propostas de qualificar a mão de obra e absorver as novas tecnologias nos setores produtivos?
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LATWORK: Developing research and innovation capacities of Latinamerican HEI for the analysis of informal labour market
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